Tenho uma relação de amor e ódio com esse livro. Ótima narração (daquelas “queria escrever assim”). Ótimas
referências. Não
posso negar que esperava um romance. "Vinte anos. Duas pessoas", é o que está
escrito na capa. Já pensei logo: vão se conhecer, ficar juntos, depois seguir
caminhos diferentes, e se encontrarem depois pra ficarem juntos novamente.
Não
é bem assim.
Confesso
que odiei o Dexter. O tipo de cara que você se apaixona pela aparência, se
desapaixona pela personalidade. Tive vontade de esbofeteá-lo algumas vezes.
Cara chato. E insuportável, cafajeste, idiota. Ok, parei!
Me identifiquei demais com a Emma. A mania que ela tem de desejar coisas que nem sempre estão ao seu alcance, de volta e meia estar insatisfeita com a própria vida, de não conseguir expressar o que pensa ou corresponder às expectativas.
São
longos capítulos sobre o dia 15 de julho, ao longo de 20 anos, desde a noite
da formatura quando Emma e Dexter se conhecem, narrando os detalhes do que aconteceu na vida deles ao longo do ano que se passou, até aquele dia. Alguns desses dias eles estão juntos. Outros nãos. Mas sempre um pensa no outro, como se fossem
atraídos por um imã. Eles passam por tantas coisas e é uma relação bem turbulenta.
Mas
o que me surpreendeu mesmo foi a amizade. Mesmo com o romance, aqui acolá, o
que liga os dois mesmo é essa amizade verdadeira. O que eu esperei de romance foi apenas
amor fraternal (durante alguns anos). Por mais que se envolvessem com outras pessoas,
mantinham a amizade em superfície, e o amor verdadeiro lá no fundo.
Há
pessoas que se emocionam, já eu leio e me sinto mal. Por tantas coisas. Livros
assim me fazem pensar muito.
Um
dia me fez pensar no tempo. Ler sobre
Emma e Dexter, jovens cheios de desejos e ideais e daí o desenrolar de suas vidas.
As diversões instantâneas de Dexter, os sonhos a longo prazo de Emma. As buscas
e descobertas.
O
que eu senti com essa leitura foi melancolia pura. Uma tristeza
de ser quem é. De fazer o que não quer. Até mesmo de fazer o que quer. Senti
melancolia até no auge da felicidade deles.
Por isso a relação de amor e ódio. A história é cativante, mas me faz sentir desesperançosa com a vida. Tem todos os tipos de sentimentos, mas me fez sentir triste a maior parte. Eu amo a Emma e odeio o Dexter. Eu amo a escrita do David, odeio certos detalhes do enredo (tipo o desfecho, que me tira do sério sempre).
Só sorri mesmo na última
página (que na verdade foi o começo). Enfim, Um dia me fez ter uma visão dos sentimentos e
relacionamento humanos como uma coisa superficial e cansativa. Como um monte de
regras que nem sempre nos empenhamos em seguir. Pra
mim, a história oscila entre o profundo e o superficial. É tudo tão profundo que
chega a ser superficial. Ah, como eu posso explicar isso?
Só sei que gosto demais de livros assim, que você se sente melhor amiga dos personagens por os conhecer tão bem.
p.s.: O pôster do filme é lindo e tal, mas eu não suporto ter o livro com a capa filme, só tenho esse porque não consigo achar com a capa original.